É preciso estar consciente da
importância em dar continuidade à história de nossa querida cidade Guapé.
Sabemos que Guapé tem sua
história contada e recontada por tantos, mas, muito bem descreve sobre seu
início no livro “Guapé Reminiscências”. O tão considerado livro é muito rico em
suas histórias, além de nos prender com sua boa leitura nos remete a um passado
fantástico recheado de muitas aventuras, muitos feitos, algumas pitadas de mentiras,
alguns supostos plágios, mas muito carregado de informações relacionadas com a formação
da cidade, com a religião, com os escravos e seus senhores e também sobre a política
da época.
Passos Maia nos deixou
informações enriquecedoras a respeito desta formação e apresento o início de
tudo, as vinte e quatro famílias que vieram a se entrelaçarem e dar origem à
provável árvore genealógica da cidade Guapé.
Sabe-se que outros vieram de
distantes localidades para também comporem da sociedade guapeense. Muito válido
ressaltar aqui a chegada de alguns imigrantes de nacionalidade francesa,
espanhóis, sírios e libaneses.
Conforme fui encontrando as informações sobre o início de nossa querida Guapé, acompanhando com detalhes a
leitura do livro “Guapé Reminiscências” de Passos Maia (Dr. Sano), percebi que
nada se relatou sobre as famílias Baldoni e Ragi, estes imigrantes de origem
italiana, bastante numerosa em Guapé e região.
Na medida em que seguia a leitura
de suas páginas, surgia então a curiosidade em saber o porquê da ausência
destes familiares, uma vez que o autor deixaria nele a árvore genealógica
das famílias que provavelmente deram início ao surgimento da cidade de Guapé da qual lhes apresentei e
graças a esta curiosidade pude descobrir que ambas as famílias chegaram por
aqui no final da década de 50, já que a edição da obra de Passos Maia se deu no ano de 1933.
Percebendo da ausência dos imigrantes italianos, faltava
então pôr em prática e criar caminhos para continuar a descrever alguns
feitos e por escolha e sorte, sobre os Ragi e Baldoni.
Começava ali uma grande busca e
informações sobre eles. Relatos fornecidos pelos familiares descendentes, pesquisas
pelo Google, e assim poder dar sequência na história de Guapé de uma maneira
sutil, mas de bom tom para futuros pensadores/escritores desta cidade que por escolha
vivo alguns momentos de minha vida.
Aqui segue o que colhi depois de
algum tempo de pesquisa.
Assim como todas as nações
intercambiam suas mercadorias, culturas, artes, tecnologias, costumes, também
intercambiam pessoas. Foi por este princípio de organização da sociedade
humana, que chegaram ao Brasil, no final do século IX os imigrantes italianos aqui
citarei os da árvore genealógica dos Ragi e Baldoni. Conforme citado acima.
O princípio de tudo pode ser que
tenha acontecido assim: Segundo o Acervo Digital do Museu da Imigração do
Estado de São Paulo o registro de chegada do primeiro ente da família Baldoni
no Brasil ocorreu em 13 de dezembro de 1884, uma mulher e seu nome era Natale
Baldoni, tinha 30 anos, profissão Fazendeira, origem da cidade de Genova na
Itália. Anos mais tarde surgiram novos registros de imigração desta família de
italianos foram eles:
____ Pietro Baldoni e Michele
Baldoni chegaram em 1888;
____ Ângelo Baldoni, Augusto
Baldoni, Achile Baldoni e Constante Baldoni, chegaram ao ano 1891;
____ Giuseppe Baldoni chegou em
29 de julho de 1893;
____ Giovanni Baldoni e Vincenzo
Baldoni chegaram ao ano de 1895...
O primeiro registro da família
Ragi, esta uma mulher, se deu em 14 de agosto de 1890 e seu nome era Andrea Ragi
e com idade de 37 anos, veio da região de Genova-Itália.
Segundo uma de seus remanescentes
migrada na região sudeste a Sra. Sandra Baldone, com o “e” no final do
sobrenome provavelmente erro de cartório, hoje vive na cidade de Campo Belo, MG,
descreve sendo a união entre estas duas famílias de forma a ser constituída na fé cristã, no amor e na
superação de dificuldades inerentes à existência humana.
Nesta imagem apresento a todos, a
Senhora Geralda Ragi Baldoni tendo como sua Mãe Madalena Belineli e seu Pai
Gabriel Ragi. Também, o Senhor Túlio Baldoni tendo como sua Mãe Hélia Spuri e
como Pai Jacob Baldoni. Eles se conheceram e por nossa região chegaram com os
mesmos propósitos ou pela mesma necessidade (a de se estabelecerem em
busca de vida mais digna em outra pátria) casou-se no ano de 1949, no Município
de Nepomuceno e depois migraram, também, para a região de Guapé, no final da
década de 50. Aqui, continuaram a constituição da família, uma prole de 10
filhos, todos nascidos em casa. O que
diferencia uma família grande, de descendência italiana, com costumes comuns?
Certamente, a forma como os filhos foram educados, tendo o pai e a mãe com
autoridade e referência para a construção de seus projetos de vida. Tal
educação fora calcada no amor incondicional ao próximo, na fé cristã e na
retidão do comportamento.
Como toda família, seus
integrantes passaram por intempéries inerentes á condição humana, sobretudo,
àquelas quando se pertence a uma camada menos favorecida. Sofrendo a
repercussão da situação socioeconômica do país no início da década de 60, os
filhos mais velhos trabalhavam na enxada ou derriçando pés de café, ficando
longe dos bancos escolares. Embora tenham tido seus direitos negados à época,
isto não os impediu de buscar conhecimentos de mundo, de vida para sua
realização pessoal e profissional.
Sobre a produção de café, vale
ressaltar que Tulinho foi o primeiro a plantar café na Volta Grande em região
de serra usando a técnica “café adensado” no lugar denominado Ribeirão Verde,
em 1973. Tulinho utilizou esta técnica devido à dificuldade de acesso ao
terreno, economizando tempo e aproveitar o espaço que era limitado. Prática
esta que só foi implantada pelo extinto IBC na década de 80.
Os outros quatro filhos mais
novos frequentaram as escolas Dona Agostinha Flor de Maria e Ginásio Estadual
de Guapé. Cada um seguiu seu caminho, uns enveredaram pela academia, outros se
dedicaram à produção de café, em continuidade à proposta do patriarca Túlio
Baldoni. Com os netos não está sendo diferente, os ensinamentos dos avós e dos
pais são referência em sua trajetória, tendo alguns que escolheram o meio
artístico, o mundo do rodeio e a música.
Necessário se faz ressaltar que
os filhos não se restringiram ao mínimo de 10. A matriarca Geralda Ragi
Baldoni adotou tantos outros que bateram à sua porta. Não
preocupou-se em contá-los. Alguns a tiveram como mãe até o casamento, outros
permaneceram junto dela por algum tempo, até alçarem outros voos. De forma a
representar a todos que foi acolhido pela família, o senhor João Luís Jack,
conhecido por João d’ Luz, permanece sob os cuidados dos dez filhos,
continuando o propósito de vida da já então referida matriarca.
Houve um tempo que a cidade de
Guapé não possuía Hospital, assim, os doentes da Comunidade de volta
Grande eram levados no Jeep do “Tulinho” para o atendimento do Farmacêutico Saihum
e ficavam internados na casa do mesmo “Tulinho” até se restabelecerem para retornarem
à Volta Grande.
Assim, diferencia-se uma família,
cujos filhos legítimos ou adotados, ressalto aqui Taslei Baldoni que não entrou na árvore devido ser adotado, embora este tenha sido reconhecido por meio de documentos, optei em deixá-lo temporariamente de fora da árvore genealógica dos Baldonis ,considerando que possui outra família, mesmo assim a intenção é a de manter viva a memória desta família que procuram
educar os filhos e netos como foram educados. Continuam a tradição de almoços
festivos, acolhendo a todos sem qualquer distinção. Filhos dos filhos dos
imigrantes italianos que também constituíram famílias, alargando assim seu
número de integrantes, seguindo seus projetos de vida sem se esquecer dos
valores-pilares deixados pelos pais. Não importa a profissão que exercem o grau
de escolaridade que filhos e descendentes tenham adquirido. Permanecem unidos
pelos valores indissolvíveis, legados deixados por Túlio Baldoni e Geralda Ragi
Baldoni que jamais serão desprezados em quaisquer circunstâncias, independente
dos lugares e/ou cargos que ocupam.
Para os Baldoni e Ragi, deixo o
início para futuras realizações e poderem dar continuidade na história de suas
vidas e assim contribuir para Guapé e região.
Colaboração: _ Professora Nilda Maria
Oliveira Baldoni, _ _Professora Sandra Baldoni.
(Pesquisa realizada por: Gilséa Oliveira Silva. Maio de 2016)